quinta-feira, 19 de maio de 2016

Poema para Maiakovski

A forma abala o coração.
A cidade abala o coração.
A flor abala o coração.
A poesia abala o coração.
O beijo abala o coração.
A revolução abala o coração.
A arte abala o coração.
O sonho abala o coração.
A repressão abala o coração.

O café da manhã abala o coração.
A utopia abala o coração.
O verão abala o coração.
A brisa abala o coração.

A vida abala o coração.

A  bala...        coração.

Ágora


Feixe milimétrico adentrando a ágora
Afere que aqui o tempo é
                                             agora.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Poema para Fernado Pessoa

O poeta é um fingidor
finge tão completamente
que chega a sentir poeta
o poeta que deveras ente.

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Naná Vasconcelos

Sua palavra-fala: textura
______________Naná seu olhos pianíssimos
______________fala calma
______________oração que
______________dá voz às suas mãos.


Sua palavra-canto: pele
________________prrrrrreeeeeeta.
________________Ogummmmmm Ogummmmmm.
________________Xxxxxxaanngooo...
________________chocalha o céu: faz chuva.


Para ganhar corpo e cor
cuca cabaça fala gaga
e tenciona a corda boca

desembaraçadas ladainhas
das raízes pedem terra
entre o desfiar do vento

dançando entre o elos
as estrelas são notas
no tecido sonoro do azul


Naná vai buscar no solo ancestral um aparato
_________________cósmico
_________________eletroacústico
_________________vocal radiofônico que no seu corpo gargalham
_________________ondas
num rio (do Nascimento ao Mundo) negro e

___________________________________escala cromática
que em Naná é ECO
                             lógica.

sábado, 26 de junho de 2010

Porcelana solar

Tocar tuas histórias de porcelana
__________________________enquanto trêmula
__________________________sede tua voz
__________________________sob o sereno
__________________________e gira
incendeia a roda do tempo
__________________________(e dança).
__________________________Agora
um Chevette traça uma curva em bege na baía
__________________________(sobre o abismo)
num mar de porra onde
____________________adormece a lembrança de
__________________________uma menina loira.


Um Ford Corcel verde marinho encontra seu par
afogado no fundo mar da
___________________Boa Viagem onde hoje
__________________________turistas em combustão
__________________________colhem os cacos de sua visão
__________________________do Sol.


Para que conhecer a cidade? Que interessam as capitais?
O batom manchado em teus lábios
__________________________mapeia o caminho
__________________________de tuas palavras.
O desejo altera os sinais, alaga as ruas
_____________________________e os carros param
mas o tempo
__________________________como tua presença de areia
__________________________encontra sempre a mesma fuga.


Teu resíduo fotográfico, rastilho de luz,
contam uma série
______________de outras histórias
onde agregamos ausência e memória
______________viajando também
__________________________sem saber se é tarde.


E então entre a hora do adeus ou do não,
rubro prumo estilhaçado
____________________tremerão tuas pernas,
____________________esfarelando
__________________________a terra,
__________________________a palavra e a imagem?


Assim, ficará a lembrança
____________________de você
__________________________(dançando sobre o abismo)
quando todas tuas histórias, viagens e paixões
____________________________________retornavam
____________________________________aos teu olhos
e víamos
como teus gestos
______________moldavam o ritmo e teus dedos regiam
______________o pulso
______________num compasso
_______________________ solar.

__________________________________

Perfeccionismo

Alucina o nexo e
desconcerta a métrica
premeditar o tempo e
esperar seus contos
________________soletrados como quem lamina
________________plumas.


Sua geografia presa ao gabarito
racha régua e
_____regra
e traçando em surcils delineia em transe
__________________os negros olhos
de uma nova mulher.


Serpenteando sob seus cabelos, manhãs vermelhas
desenham
________tantas outras
que se espelham: menina, índia, musa, esfinge...
Calma e ácida.
___________Ou tudo se entardece
em incerteza
e aflição?


Relaxa
na natureza onde sua paisagem pode ser
_________________________________desmedida
e atrevida se inscreve dizendo um pouco,
__________________________que se torna poesia.


________________________________________

sábado, 19 de junho de 2010

Um punhado do horizonte

Coleciono fotos a fim de percorrer ladeiras
onde não estive
e nas curvas da corredeira
_____________________os ramos de grama
_____________________do meu pensamento
_____________________se agarram
a uma imagem musgo
que num instante montanha.


Parte-se sobre a mesa
sob pancadas cardíacas
montanha
musgo
tudo
é corpo e me comprime entre a lacuna e o oco.


As milhas no seus olhos
__________________são um punhado
__________________do horizonte
onde se pode colher um sopro
enquanto ela deixa nos copos
_______________________sua ausência vermute.


O quanto se alcança
no cerrado da saudade
para escrever seu road movie
_______________________num poema?
O desejo é palavra.
_______________E ela:
_______________flutua.

_____________________

quinta-feira, 18 de março de 2010

A geógrafa

Meu sangue é lastro,
minha geografia limbo.
No mapa sigo o traço
do seu rastro sibilino.


Se é massa ou o passo
a terra sede o pulso, espaça
meu corpo, esquece o laço
e descobre onde ultrapassa


A fronteira. A quem pertenço?
Nem chão mais reconheço.
Qual gravidade ou peso,
qual a resposta se me meço?


Sua paisagem se desenha,
se adensa, e onde escrevo
o pensamento se embrenha
nela, figura em que me enlevo.

domingo, 12 de julho de 2009

Sem Título - Warholfone.


Escultura Sonora.
Lata de sopa Campbell's, auto-falantes 2'', extensão de áudio.
Looping. 2009.
Áudio composto a partir da voz de Andy Warhol.

Público interagindo com a obra.

Johns_Lichtenstein_Crisman


terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Loa-Jogo

Alva pele
sob panos
empana
tecido de suas
mesmas palavras.


Seu corpo todo pescoço
longo ganso encurta o campo
Boca
loa
jogo
(fino fio lâmina) se inscreve
entre os dentes a disciplina do não.


Outrora
(a goma impregna em seus
poros de pedra).
Sem fim.
A caminhar de novo
no branco breu
do seus ocultos.


Desenfreado
(torso curso de cera)
desmedido
amarra-se.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Alameda São Boaventura

Anamnese

Buscando na enciclopédia
Quando
self-report

self-portrait.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Arnaldo


clique na imagem para visualizar a animação do poema.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Instâncias "D"






Instância D3 , D5 e D6 (fotografia, 2008)

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Eco da demão

I

O eco
da demão
(caco de silêncio...)
Na tela branca
o deserto
onde jaz

pedra
pedra
pedra.


II

Em Brodowski
procuro Itabira.


III

Poesia para além do muro
cada palavra, uma pedra
lançada ao olho.

(pássaro: ninho entre a fresta)
(vegetal nascido da rocha)

Muitas pobres pedras
carregadas, cada uma delas, de seus
(suspirando) - "ai, ai !"

domingo, 17 de agosto de 2008

Poema-pele

I

Discorrer sobre teu peito sem fôlego
decifrada à boca
tua fala é vibração
(olvida ao peso de teus passos)

II

articulo
o verbo
a pele
pulsa.

Réia

Uma pedra
é o preço
no poço de suas pernas.

sábado, 16 de agosto de 2008

Herança


1984

84 : 48
17
45
89/91

2001
(010101010
101010101)
0(9).011.01.
00000000
0.

Poema para Mário Quintana


Quem sabe do corpo das aves?
Ornitólogos dissecam sonetos.

Bispo do Rosário (poema em contínuo desfiar)

Sua linha nômade
anti-psiquiátrica
anti-cataclísmica
de porto em porto
de ponto em ponto
(onde refaz: cartografia de sonhos)
desfia o conceito
e borda um novo
mundo.


A vida é mais que a vida
nos cacos da cozinha e
do homem
onde seu corpo negro se despe
do fardo e
da terra,
fio de vestimenta
ofício de anjo amaldiçoado,
costura um
TUDO.


(Onde se tece o destino)
suas mãos sabem
da roda da fortuna
das coisas do homem
e do esquecimento.


Em seus dias sem sal
sem sol
vive a liturgia do caos.
(relicário profano,
porra de doido azul)
Bispo escuta
o que para nós é silêncio
a poesia tem voz
de luz.

Coleção Barroca


Corpus Christi. (técnica mista s/ caixa de papelão)
Nave Mãe. (técnica mista s/ caixa de papelão)

Galileu, Galilé. (técnica mista s/ caixa de papelão)

TORI : ASCENSION


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Instâncias "A"






Instância A1 , A2 e A3 (fotografia, 2008)

Jam Session para Calder


Clique na imagem para visualisar a animação do poema.